Lost in Translation, Sofia Coppola, 102 min., 2003
Bob é um veterano ator em decadência, que aceita um contrato de propaganda de uísque no Japão para tirar uns trocos a mais. Charlotte, uma belíssima jovem que recém casou com um fotógrafo, também está em Tóquio, mas acompanhando o marido. É nesse país, nessa cidade que ambos se encontram e começam a viver uma peculiar história de amor, resultado do segundo filme de Sofia Coppola, Encontros e Desencontros. Esclareço que esse texto é uma mistura de desabafo com crítica cinematográfica, fica aqui claro o aviso.
É até um pouco engraçado pensar que pessoas para se encontrarem, necessitem de um pouco de solidão. Bob, um Bill Murray inspiradíssimo e que perdeu o Oscar injustamente, vai ao Japão em busca de um dinheiro a mais mesmo, pois já não emplaca mais sucessos como antigamente. Mesmo do outro lado do mundo fala diariamente com a mulher e os filhos, fala com aquela tristeza na voz, com aquele olhar de que as coisas não são mais como eram. Também é engraçado ver como ele reage num lugar muito diferente, ele fica perdido na cosmopolita Tóquio como um sutiã em lua de mel. Suas ações e reações rendem ótimos momentos e ótimas risadas, como na sessão de fotos da propaganda.
Do outro lado tem a desumanamente linda Scarlett Johansson como Charlotte, que “aproveita” a sua lua de mel. O maridão ta pouco se lixando pra ela e se importa mais com seu trabalho, deixando a moça sozinha quase todo o tempo. Tal como Bob, ela sente que algo mudou, que não tomou a decisão certa, isso fica claro quando ela tenta desabafar com uma amiga pelo telefone, e com a ajuda da indiferença dessa amiga, caí aos prantos. Tudo é nesse clima meio melancólico, até que ela e Bob se conhecem.
Amor... quem sabe um dia a humanidade entenda o que realmente significa esse sentimento e toda a gama de conseqüências que ele causa. Eu prefiro acreditar que ele simplesmente acontece. Pode acontecer de um olhar, de um toque, de um beijo, de uma foda casual, mas o amor também pode acontecer do respeito, do convívio, do carinho e da admiração pela pessoa amada. Independente da forma como, ele simplesmente acontece e não há nada que possamos fazer. Pode ser por aquela pessoa que você viu nos seus sonhos, pela aquela que você viu na parada de ônibus ou na mesa de um café pela cidade, por aquela que passa por você despercebida todo dia, por aquela com quem você convive diariamente contigo. Amor também é simplesmente querer estar perto de alguém, seja do jeito que for. Ultimamente eu estou concordando com o amigo Steve Tyler: amor é uma doce miséria.
Eu gosto de traçar um paralelo de Encontros e Desencontros com o filme Closer. O filme de Nichols é basicamente sobre sexo, mas sem uma cena de tal, assim como o filme da Sofia é basicamente sobre amor, mas isso está implícito ou demonstrado de forma mais, como posso dizer... suave. Para embasar minha correlação, tem a cena do karaokê (uma belissimamente mal cantada More than this), a cena onde o Bob pega no pezinho da Charlotte e nada mais, além do fenomenal desfecho. Importante falar da mão da Sofia pra qualidade do filme, muito legal sua visão da iluminada Tóquio, com longos e abertos takes com a cidade e suas paisagens, ora calma e natural como no casamento no parque, ora agitada e barulhenta como no fliperama (alias isso contribui em muito para a vontade de viajar que me dá toda vez que assisto ao filme).
Se a pessoa que imagino ler isso aqui um dia, o que eu quero realmente dizer é que não deixarei que nada fique entre a gente, não vou desistir. Tudo bem que as coisas não ocorreram como deviam nesse momento, eu entendo até e estou de certa forma conformado de como as coisas estão agora, mas sei que um dia tudo ficará bem. E nesse dia eu estarei aqui, independente do rumo que nossas vidas tomarem, eu estarei aqui por inteiro e sem mudar nada do que sinto por ti, estarei te esperando com um amor incondicional e você sabe disso. Aquelas três palavras que giram como um tornado na minha mente hão de serem respondidas um dia. Assim espero.
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