quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Idiotas e Anjos

Idiots and Angels. Dirigido por Bill Plympton. EUA, 2008.




Um dos grandes sonhos do homem é voar, desde os tempos remotos da mitologia com Ícaro até os dias de hoje com os mais modernos aviões. Mas e se tal dádiva fosse dada ao mais egoísta e um dos piores seres humanos que existissem na face da terra? É exatamente nesse indivíduo o foco de “Idiotas e Anjos”, bela animação norte-americana com uma história relativamente simples, mas muito bem arquitetada.

E o protagonista dela é Angel, um cara verdadeiramente babaca que não se importa com mais nada além de si nesse mundo. Resumindo, ele é a perfeito conceito de um idiota. Acontece que, milagrosamente, certo dia ele acorda com um par de asas nas costas. Mas tal qual um anjo, seu presente faz com que ele pratique boas ações, forçando-o a ir contra sua própria natureza. Durante esse conflito com ele mesmo e as tentativas de arrancar as asas, o inusitado presente desperta a cobiça de várias pessoas, que vêem nisso a chance de fazer muito dinheiro e fama.

Aqui o terror é apenas um detalhe que aparece algumas vezes. Tem um pouco de comédia, de romance, de humor negro, porém o que toma conta é a fantasia. Ele não tem diálogos, porém tudo é facilmente compreendido com o desenvolvimento da trama e através do interessante e abstrato traço, este criando até um clima sombrio no filme. A trilha sonora parece escolhida a dedo e acompanha e dita ritmo em tudo que rola na história. Outro ponto que vale destaque são os sonhos dos personagens, seqüências psicodélicas que variam desde uma viagem dentro de um copo até vôos com borboletas numa tarde ensolarada, totalmente surreais e bastante divertidas.

Para completar, no final de tudo tem uma esperançosa mensagem, de que todo mundo pode mudar. Talvez a idéia do diretor não fosse transformar o filme em algo moralista, mas é para o que vai lentamente se encaminhando. Isto ocorre bastante em animações assim é possível fazer uma correlação com a vida real e não se perde a conexão com a realidade, mesmo que o mais divertido de uma animação seja dar asas para que a criatividade e a imaginação alcem grandes vôos.

*Postado originalmente no CINEFILIA.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Especial FANTASPOA


Está rolando no Cinefilia um pequeno especial sobre o Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre, o mais tradicional do gênero no Brasil. Críticas dos filmes The Machine Girl, Idiotas e Anjos, Home Movie e Mangue Negro. Para finalizar, no dia 15 de agosto irá ao ar uma entrevista com o diretor do "Mangue Negro" Rodrigo Aragão.

Para acessar, é só clicar em www.cinefilia.net

domingo, 9 de agosto de 2009

Novo trailer de "Onde Vivem os Monstros"



Alguém ainda duvida que será um ótimo filme?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O último desabafo de um coração (des)apaixonado


Não adianta espernear, berrar, chorar, melhorar, mudar, acreditar. Droga nenhuma adiantará. Algumas pessoas simplesmente não nasceram para serem felizes, pelo menos ao lado da pessoa que amam. É desse jeito mesmo, sem muita delonga, não é pra ti e deu. Por mais que elas achem que está escrito no destino, que é por causa disso ou daquilo, de que alguma coisa está errada ou que precisa mudar. A resposta para todas essas indagações ou perguntas é somente uma: não. Não, o que você quer não irá acontecer, o que você sonha não irá se realizar. O melhor que se pode fazer é enterrar todos esses sonhos, enterrar lá no fundo do chão onde ninguém mais os ache.

O pior de tudo é a maldita esperança. Ela que faz você tomar uma pancada enorme e levantar novamente para apanhar o dobro. Essa eterna devoção, sempre a espreita, sempre viva, uma devoção praticamente religiosa que vem e fode com tudo. O script desse filme já foi escrito há tempos e não irá mudar, não existe pílula vermelha para acordar da realidade. As páginas estão escritas à caneta, não é possível usar uma borracha e mudar o fim da história. Até porque um filme de amor que se preze sempre termina com um final triste, como diria um amigo meu. Ela vai embora, ele não pode ficar, ela gosta dele como amigo, ele ama demais ela que ama ele apenas como amigo e todos os clichês existentes. Parece complicado, mas fica pior.

Fica pior quando você realmente gosta dela, quando não se imagina mais ao lado de ninguém nesse maldito e hipócrita mundo. Todos os bilhões de pessoas, os vários amores que você jamais irá conhecer na sua vida são chatos, tediosos. A satisfação, o sentimento de alegria só é real quando essa pessoa está do seu lado. Esses momentos são o que lhe mantém vivo. Não querendo ser muito dramático, mas a vontade de viver passa diretamente por ela. Meu deus, o que é ver o sorriso naquele rosto com radiantes cabelos loiros, com aqueles olhos castanhos, tão lindos e expressivos... Não me lembro se já disse a ela o quão bonito são seus olhos e tenho a impressão que nunca mais direi. A sensação é de que não é necessário mais nada para viver, apenas esse momento. Congelar esse segundo para sempre, esse segundo que nada significa diante a magnitude do tempo, do mundo, do universo e viver eternamente nele.

Mas aí vem um meteoro e destrói com tudo. Ela vai sorrir sim, mas é para outro cara. Os instintos estavam certos, infelizmente. A luz que ela irradia vai iluminar a vida de outra pessoa, não a sua. Talvez não dure tanto, talvez dure décadas, talvez ela case e seja feliz para sempre, a questão não é essa. Nunca foi. Tudo isso era inevitável, afinal você não nasceu para ser feliz, nasceu para se ferrar constantemente, não se esqueça disso. São seguidas decepções, uma atrás da outra. A questão é doutrinar o coração para não sentir mais isso, que bate toda hora na cabeça, mas de que maneira fazer isso? “Ok, não gosto mais de você, vou procurar outra pessoa” é fácil assim? Claro que não. Se existisse um manual para isso, o inventor faria o Bill Gates parecer um mendigo de esquina.

O conflito de se entregar de uma vez ou de lutar mais ainda. Aceitar a derrota, por mais que doa em você e nela, cortar relações de um modo dramático. Além de perder o amor, perder uma das melhores amizades que você teve é uma opção. Nunca foi a questão de ‘ficar’, da beleza e afins, mas sim a sintonia entre as almas. O carinho e o respeito mútuo, os gostos que combinam, já saber o que ela irá falar só pelo jeito que levanta a sobrancelha, saber como ela gosta do seu café, o tipo de filmes que ela curte, o tipo de som que escuta. Esses pequenos detalhes que fazem disso algo inacreditável, algo que parece definitivo. Creio eu que estes pequenos atos é que dão graça e cores a vida.

Já a outra opção é não desistir, botar a faca nos dentes e ir para a peleia mais uma vez. Mais uma vez... Aí que mora o problema. Isso cansa, desgasta demais. O Rocky já dizia que ninguém bate mais forte que a vida, ser um vencedor não é bater e sim levantar depois de cada queda. Mas não é preciso continuar nessa luta, você pode parar e jogar a toalha. Só que nem isso é fácil também (lembre-se novamente que seu destino é se ferrar) nada será de bandeja, nem as tristezas e os sofrimentos. E não serão poucos.

Não foi a primeira vez e tomara que não seja a última, até porque se for você está mais fodido do que imagina. Passou um tempo sim, mas o que são alguns anos diante da longa caminhada da vida. Se existe algo de bom nisso tudo é que uma fossinha de vez em quando até que ajuda. Torna o coração mais duro, menos sensível, não deixa de ser um necessário ritual de exorcismo. Deixa os pedaços que sobraram dele mais canchados para situações semelhantes. As decepções podem ser menores, amenizadas, mesmo sendo tudo nesse assunto uma incógnita. Mas como fã incondicional de Arquivo-X, eu sempre acreditei e quero continuar acreditando que dá sim para se recuperar depois de cada patrolada.

Agora que é uma sacanagem essa coincidência de momentos, isto é. Tudo na vida vem melhorando, tudo vem dando resultados, um ótimo momento acadêmico, tudo relativamente ok com a família e os amigos, mudança para uma casa melhor em um lugar melhor. Tudo dando certo, somente a bosta dessa droga desse amor ferra tudo. E infelizmente é ele que dá o tom em tudo, é ele que põe um sorriso ou uma expressão triste no rosto. Até parece que o cara está pagando pelos pecados de uma vida passada. To longe de ser um santo, mas acredito que nunca tenha feito mal para alguém. Vai ver é pura e simplesmente a arte de se foder mesmo quando as coisas melhoram.

Confesso que não sei nem mais o que sinto. O sentimento é uma mistura de nada com tudo, não é amor, raiva, tristeza, alegria. Na verdade é um sentimento de vácuo. Sabe aqueles momentos que você se flagra olhando para uma parede ou algum objeto, com os olhos embaçados e a cabeça muito longe? É parecido com isso. É algo confortável, dá um descanso para a cabeça. Eu poderia ficar eternamente nesse momento também. Nele pelo menos não haveria sonhos, sofrimentos, sorrisos, brilhos que nunca se apagam, desencontros numa terra estrangeira e todos os filmes que tratam disso.

E também nem sei mais o que estou escrevendo, ora é um desabafo, ora uma autocrítica e ora um exercício de auto-flagelação ou coisa do gênero. Por isso peço desculpa aos leitores do blog. Eu sei que está escrito Caminhante Noturno “Cinema”, mas aqui não deixa de ser um espaço para desabafar, para abrir o coração. Talvez vocês me entendam mais do que qualquer um, talvez vocês queiram me encher de porrada e berrar no ouvido “bola pra frente, tchê!” e agradeço em ambos os casos. Se tem algo que eu definitivamente amo nesse mundo é o cinema, mesmo que às vezes eu não o trate com o devido merecimento e paixão. Algo que nunca mais irei abandonar é esse cantinho aqui e todos os vínculos, amizades e oportunidades criados por consequência dele.

Mas é isso. Com “ela” nunca mais. Acabou, chega de sofrimento. Confesso que ainda não sei se irei continuar vendo ela pelo bem de ambos ou se cortarei total pelo bem da minha mente e do meu coração, não sei mesmo. Só sei que já foi gasto muito tempo em portas fechadas. Eu ainda vou achar a mulher que vai me fazer esquecer tudo isso. E é bem provável que ela esteja mais próxima do que eu imagino.

No fim das contas tudo se ajeita. Tudo dará certo. É, agora tenho certeza absoluta disso. Se por gentileza vocês me permitirem, para finalizar deixarei algumas palavras da minha companheira inseparável de fossa, a linda Rachael Yamagata:

“Would you please
Let me slide a few words
Under your door[...]

The first three said “I love you”
The last five “But I can’t no more”
I don’t believe in miracles
Not like I did before

[...] Would you please
Try to understand…”


Um forte abraço a todos.