Ainda que estejam sob o mesmo teto - o estúdio de animação Ghibli - o mestre Hayao Miyazaki e o seu filho, Goro Miyazaki, têm relação conflituosa. Com o anúncio do começo da produção do novo desenho de Hayao, mesclado ao sucesso do primeiro longa de Goro, o assunto veio à pauta.
Não tinha como ser diferente. O filme de Goro, Gedo Senki - em inglês, Tales of Earthsea -, primeiro lugar nas bilheterias japonesas de agosto a setembro, começa com a cena de um príncipe frustrado apunhalando seu pai à morte. Em entrevista à Reuters, o filho mais velho do diretor de A viagem de Chihiro e O castelo animado falou sobre o assunto.
"Ver alguém inexperiente como eu de repente fazer um filme de quase duas horas é algo que ele pensaria tratar-se de uma profanação da animação", disse Goro, que em Gedo Senki adapta a série Earthsea - de Ursula K. Le Guin, mais conhecida no Ocidente - a contragosto de Hayao. Aos 39 anos, Goro faz questão de chamar o pai pelo nome completo. "Para Hayao Miyazaki, agora que eu fiz meu primeiro filme, nos tornamos como rivais."
A coisa descamba para problemas de família no diário que Goro mantém na internet. No post intitulado "Zero pontos como pai, nota máxima como diretor", ele diz: "Desde o tempo em que comecei a prestar atenção no mundo, até hoje, nós praticamente nunca nos falamos". O filho rapidamente soube que só conseguiria entender o pai por seus filmes, como diz Goro no diário. Até 2005, o primogênito administrou um museu em Tóquio dedicado ao pai. Deixou-o para cuidar de Gedo Senki.
Apesar de ter dividido a crítica, Goro se preocupou mais com a opinião do pai. Hayao Miyazaki assistiu ao filme e, segundo o produtor Toshio Suzuki transmitiu a Goro, louvou a honestidade da direção do filho. "Eu fiquei feliz - e aliviado", disse Goro à Reuters.
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