“Nada é vaidade; rumo à ciência, e avante!” clama o Eclesiastes moderno, ou seja Todo mundo. E contudo os cadáveres dos maus e dos ociosos caem sobre os corações dos outros... Ah! rápido, mais rápido; lá embaixo, além da noite, essas recompensas futuras, eternas... irão escapar-nos.
– Que posso fazer? Conheço o trabalho; e a ciência é muito lenta. Que a prece galopa e a luz atroa... eu o vejo bem. É muito simples; e faz muito calor, passarão bem sem mim. Tenho o meu dever, dele me orgulharei como fazem muitos, pondo-o de lado.
Minha vida está gasta. Vamos! finjamos, vadiemos, ó piedade! E viveremos a nos divertir, a sonhar amores monstruosos e universos fantásticos, queixando-nos e criticando as aparências do mundo, saltimbanco, mendigo, artista, bandido, – padre! No meu leito de hospital, o odor do incenso retornou poderosamente; guardião dos aromas sagrados, confessor, mártir...
Aí reconheço a minha infame educação de infância. Depois, o quê!... Alcançar os vinte anos, se os outros também o fazem...
Não! Não! agora eu me revolto contra a morte! O trabalho parece muito leve para o meu orgulho: minha traição ao mundo seria um suplício muito curto. No derradeiro momento, eu atacaria à direita, à esquerda...
Então, - oh! - pobre alma querida, a eternidade estaria perdida para nós!
Poema retirado da obra Uma Temporada no Inferno, de Arthur Rimbaud com tradução cedida por Marcelo Pacheco de Souza
3 comentários:
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Oiiiiiiiiieeeeeee markinhusss.... nossa fikou showwwwwww o novo visual do blog!!!!!!adorei!!bjinhuss!! e bom findi né...t+...
Bah! Ficou super legal mesmo. Parabéns Marcão!
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