quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Revistando Clássicos - Parte II

2001: Uma odisséia no espaço - 2001: A space odissey

O que se pode falar deste filme? Stanley Kubrick entra definitivamente para a história do cinema ao filmar a mais perfeita e complexa obra do cinema de todos os tempos. Genial e perfeccionista, Kubrick é considerado por muitos, além deste que vos fala, o melhor diretor de todos os tempos, pois é inegável que esteja entre os melhores. Segundo o próprio cineasta, as interpretações sobre o filme dependem de cada um, você é livre para ver da sua maneira. Tentarei, em breves palavras, com base em várias críticas, leituras e interpretações, explanar o filme e suas idéias, além de opiniões pessoais. É como colocar em palavras, tentar explicar uma obre de Van Gogh ou a 9ª Sinfonia de Beethoven. É difícil para um leigo, e até mesmo para um profissional do cinema, expressar sua opinião sobre este filme, mas não custar tentar.

A introdução começa com um grupo de macacos num passado distante, no capítulo intitulado ‘Aurora do homem’. Vivem normalmente, lutando pela sobrevivência. Até que numa noite eles descobrem o monólito, ficando maravilhados e curiosos quanto à descoberta. Fica claro que evoluíram (usando um osso, eles afastam outro grupo rival, matando a “ossadas” um membro) por causa deste. Numa cena ao estilo de Kubrick, um dos macacos atira o osso para cima e quando cai, a imagem corta para uma nave, o espaço e outras naves, num bale espacial ao som de Danúbio azul, de Bach. Aí se entende como milhões de anos tivessem passado, do osso até as naves espaciais, o caminho da evolução do homem.

Existem também várias ligações e conexões interessantes, como exemplo a ligação com outra Odisséia, de Homero. HAL seria o ciclope a ser derrotado por Ulisses, como Dave, que é jogado ao mar, um lugar desconhecido assim como o espaço, enfeitiçado pelo canto da sereia, que seria o sinal do monolito em direção à Júpiter. Há ainda a influência de Nietzsche, como se nota inclusive no título da principal música do filme chamada Also sprach Zarathustra, de Richard Strauss. Como é um filme que fala de evolução e alienígenas (penso eu pelo menos), é sustentável a comparação do bebe-estrela com o super-homem nietzschiano, pois ambas tratam de um patamar superior alcançado.

Ainda tem o monolito negro, onipresente em todos os momentos cruciais do filme. Alguns acreditam que é a manifestação física de Deus, outros acreditam que seja alienígena. O certo é que o homem evoluiu por influência direta do artefato. A sua ajuda foi crucial, explícita na sequência dos macacos e a ato final do filme, para a evolução do homem. Apenas uma pequena curiosidade sobre o filme: a sequência psicodélica onde Dave viaja pelo espaço, o capítulo Júpiter e além do infinito é sincronizada com a música Echoes, do Pink Floyd. Por acaso se lembram do Mágico de Oz? É... adoro essa banda.

2001 é daquelas obras que quebram as barreiras da imagem, linguagem, tempo e compreensão, que serão lembradas enquanto existir a humanidade, como as obras de Da Vinci, as teorias de Einstein, as composições de Mozart e os estudos de Watson e Crick. É algo indescritível, um marco do cinema. Só nos resta agradecer pela odisséia revolucionária proporcionada por este cineasta.


Mais informações e teorias em The Kubrick Site e Cinema em Cena.

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