Título Original: Requiem for a Dream
Ano de lançamento (EUA): 2000
Duração: 102 min.
Direção: Darren Aronofsky
'Pesado', 'assustador', 'forte', 'fantástico' e 'maravilhoso' são alguns dos adjetivos que caem como uma luva no filme Réquiem para um Sonho, segundo trabalho de Darren Aronofsky. Logo depois da sua estréia nas telonas, através do independente e ótimo Pi, ele mostra que não veio à toa lançando à adaptação do livro Last exit to Brooklin, escrito por Hubert Selby Jr. E já que em outubro deste ano deve estrear o seu novo filme, o aguardado The Fountain, nada melhor que revisar um pouco do seu último trabalho.
A história é centrada em quatro personagens principais: Sarah, uma senhora dona de casa, que tem uma vida pacata até receber um convite para aparecer no seu programa de tv favorito; Harry, filho de Sarah, que vive de trambiques para alimentar seu vício pela heroína e que irá formar um negócio com drogas; Marion, namorada de Harry, viciada em heroína também, cujo sonho é passar o resto da vida com seu namorado; e por fim tem Tyrone, também viciado, melhor amigo e futuro sócio de Harry.
Filme muito dinâmico, prova disso é que enquanto as maiorias dos filmes possuem cerca de 600 cortes, Réquiem tem em torno de 2000. Grande parte disso se deve as pequenas vinhetas que abreviam o uso das drogas, é como um pequeno flashback, cerca de 4 segundos, onde mostra a preparação da heroína, ela sendo injetada e correndo pelas veias, as pupilas dilatando até chegar ao êxtase. É um recurso interessante que mesmo sendo muito utilizado não fica repetitivo ou cansativo. Também foi bastante usado em Pi, tornando-se uma espécie de marca do diretor. Juntando com a fotografia impecável e a criatividade de Darren, que soube mesclar certos efeitos visuais e sonoros, como na aterrorizante e cruel seqüência final (pouco antes do término, com uma genial mudança na perspectiva da câmera), o resultado não poderia ter sido melhor. Outro fator que influenciou muito no conjunto da obra é a trilha sonora, que ficou a cargo de Clint Mansell. O que falar da música tema do filme então? No começo, enquanto tudo está bem, todos os personagens felizes e tal, ela até soa de uma maneira, assim digamos, simpática. Porém, no arrebatador desfecho, ela fica pesada, angustiante, sufocante, causando até arrepios, como se fosse a trilha se um pesadelo.
Quanto à atuação, todos os méritos vão para Ellen Burstyn, sendo uma das maiores injustiças da Academia não ter dado o Oscar para ela (a ganhadora foi Julia Roberts por Erin Brockovich). Ela foi perfeita em todos os sentidos, deixando isso bem claro numa seqüência onde Sarah fala para Harry: "Eu estou velha. E sozinha. Entrar no vestido vermelho e aparecer na televisão é um bom motivo para se levantar de manhã". A tristeza de Sarah, ao ver o filho ir embora, se sentido presa numa rotina até o final de seus dias, fica bem clara. Mas o convite para o programa de tv serve como uma fuga dessa realidade. Mas para caber no vestido vermelho, e voltar ao tempo onde era jovem e bela, ela precisa emagrecer, e para isso começa a tomar pílulas. Aí que começa seu abismo.
É bonito ver o amor entre Harry e Marion, é como se o mundo não existisse para eles dois. Mas ambos compartilham de um amor em comum: a heroína, que será a ruína para ambos. Réquiem fala sobre os sonhos, mas também trata de amor. Enquanto a venda de drogas, realizada por Harry e Tyrone, vai dando lucro, tudo é um mar de rosas. Mas o destino lhes reservava tempos muito difíceis, e a falta da droga começa a falar mais alto. Marion vai ao extremo para conseguir dinheiro, pois acredita que tudo voltara ao normal para eles, e faz com que o telespectador, pelo menos por um instante, acredite junto com eles. Apesar da situação, eles só pensam um no outro, até o último minuto. Porém essa história está longe, mas muito longe, de terminar como em um conto de fadas.
A maioria de nós possui vícios, sejam eles o café ou a necessidade de uma picada. Quem não tem sonhos? Sejam mirabolantes ou simples, como entrar num vestido vermelho, estamos todos vulneráveis a certas conseqüências se não medirmos esforços para alcançá-los. Pessoalmente, é um dos melhores filmes que vi em toda minha vida. Réquiem para um Sonho tem uma mensagem anti-drogas clara, mas não para por aí. É uma lição, uma fantástica experiência proporcionada por Aronofsky. É um filme que atordoa e angustia a mente de quem assiste.
Ano de lançamento (EUA): 2000
Duração: 102 min.
Direção: Darren Aronofsky
'Pesado', 'assustador', 'forte', 'fantástico' e 'maravilhoso' são alguns dos adjetivos que caem como uma luva no filme Réquiem para um Sonho, segundo trabalho de Darren Aronofsky. Logo depois da sua estréia nas telonas, através do independente e ótimo Pi, ele mostra que não veio à toa lançando à adaptação do livro Last exit to Brooklin, escrito por Hubert Selby Jr. E já que em outubro deste ano deve estrear o seu novo filme, o aguardado The Fountain, nada melhor que revisar um pouco do seu último trabalho.
A história é centrada em quatro personagens principais: Sarah, uma senhora dona de casa, que tem uma vida pacata até receber um convite para aparecer no seu programa de tv favorito; Harry, filho de Sarah, que vive de trambiques para alimentar seu vício pela heroína e que irá formar um negócio com drogas; Marion, namorada de Harry, viciada em heroína também, cujo sonho é passar o resto da vida com seu namorado; e por fim tem Tyrone, também viciado, melhor amigo e futuro sócio de Harry.
Filme muito dinâmico, prova disso é que enquanto as maiorias dos filmes possuem cerca de 600 cortes, Réquiem tem em torno de 2000. Grande parte disso se deve as pequenas vinhetas que abreviam o uso das drogas, é como um pequeno flashback, cerca de 4 segundos, onde mostra a preparação da heroína, ela sendo injetada e correndo pelas veias, as pupilas dilatando até chegar ao êxtase. É um recurso interessante que mesmo sendo muito utilizado não fica repetitivo ou cansativo. Também foi bastante usado em Pi, tornando-se uma espécie de marca do diretor. Juntando com a fotografia impecável e a criatividade de Darren, que soube mesclar certos efeitos visuais e sonoros, como na aterrorizante e cruel seqüência final (pouco antes do término, com uma genial mudança na perspectiva da câmera), o resultado não poderia ter sido melhor. Outro fator que influenciou muito no conjunto da obra é a trilha sonora, que ficou a cargo de Clint Mansell. O que falar da música tema do filme então? No começo, enquanto tudo está bem, todos os personagens felizes e tal, ela até soa de uma maneira, assim digamos, simpática. Porém, no arrebatador desfecho, ela fica pesada, angustiante, sufocante, causando até arrepios, como se fosse a trilha se um pesadelo.
Quanto à atuação, todos os méritos vão para Ellen Burstyn, sendo uma das maiores injustiças da Academia não ter dado o Oscar para ela (a ganhadora foi Julia Roberts por Erin Brockovich). Ela foi perfeita em todos os sentidos, deixando isso bem claro numa seqüência onde Sarah fala para Harry: "Eu estou velha. E sozinha. Entrar no vestido vermelho e aparecer na televisão é um bom motivo para se levantar de manhã". A tristeza de Sarah, ao ver o filho ir embora, se sentido presa numa rotina até o final de seus dias, fica bem clara. Mas o convite para o programa de tv serve como uma fuga dessa realidade. Mas para caber no vestido vermelho, e voltar ao tempo onde era jovem e bela, ela precisa emagrecer, e para isso começa a tomar pílulas. Aí que começa seu abismo.
É bonito ver o amor entre Harry e Marion, é como se o mundo não existisse para eles dois. Mas ambos compartilham de um amor em comum: a heroína, que será a ruína para ambos. Réquiem fala sobre os sonhos, mas também trata de amor. Enquanto a venda de drogas, realizada por Harry e Tyrone, vai dando lucro, tudo é um mar de rosas. Mas o destino lhes reservava tempos muito difíceis, e a falta da droga começa a falar mais alto. Marion vai ao extremo para conseguir dinheiro, pois acredita que tudo voltara ao normal para eles, e faz com que o telespectador, pelo menos por um instante, acredite junto com eles. Apesar da situação, eles só pensam um no outro, até o último minuto. Porém essa história está longe, mas muito longe, de terminar como em um conto de fadas.
A maioria de nós possui vícios, sejam eles o café ou a necessidade de uma picada. Quem não tem sonhos? Sejam mirabolantes ou simples, como entrar num vestido vermelho, estamos todos vulneráveis a certas conseqüências se não medirmos esforços para alcançá-los. Pessoalmente, é um dos melhores filmes que vi em toda minha vida. Réquiem para um Sonho tem uma mensagem anti-drogas clara, mas não para por aí. É uma lição, uma fantástica experiência proporcionada por Aronofsky. É um filme que atordoa e angustia a mente de quem assiste.
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