terça-feira, 4 de agosto de 2009

O último desabafo de um coração (des)apaixonado


Não adianta espernear, berrar, chorar, melhorar, mudar, acreditar. Droga nenhuma adiantará. Algumas pessoas simplesmente não nasceram para serem felizes, pelo menos ao lado da pessoa que amam. É desse jeito mesmo, sem muita delonga, não é pra ti e deu. Por mais que elas achem que está escrito no destino, que é por causa disso ou daquilo, de que alguma coisa está errada ou que precisa mudar. A resposta para todas essas indagações ou perguntas é somente uma: não. Não, o que você quer não irá acontecer, o que você sonha não irá se realizar. O melhor que se pode fazer é enterrar todos esses sonhos, enterrar lá no fundo do chão onde ninguém mais os ache.

O pior de tudo é a maldita esperança. Ela que faz você tomar uma pancada enorme e levantar novamente para apanhar o dobro. Essa eterna devoção, sempre a espreita, sempre viva, uma devoção praticamente religiosa que vem e fode com tudo. O script desse filme já foi escrito há tempos e não irá mudar, não existe pílula vermelha para acordar da realidade. As páginas estão escritas à caneta, não é possível usar uma borracha e mudar o fim da história. Até porque um filme de amor que se preze sempre termina com um final triste, como diria um amigo meu. Ela vai embora, ele não pode ficar, ela gosta dele como amigo, ele ama demais ela que ama ele apenas como amigo e todos os clichês existentes. Parece complicado, mas fica pior.

Fica pior quando você realmente gosta dela, quando não se imagina mais ao lado de ninguém nesse maldito e hipócrita mundo. Todos os bilhões de pessoas, os vários amores que você jamais irá conhecer na sua vida são chatos, tediosos. A satisfação, o sentimento de alegria só é real quando essa pessoa está do seu lado. Esses momentos são o que lhe mantém vivo. Não querendo ser muito dramático, mas a vontade de viver passa diretamente por ela. Meu deus, o que é ver o sorriso naquele rosto com radiantes cabelos loiros, com aqueles olhos castanhos, tão lindos e expressivos... Não me lembro se já disse a ela o quão bonito são seus olhos e tenho a impressão que nunca mais direi. A sensação é de que não é necessário mais nada para viver, apenas esse momento. Congelar esse segundo para sempre, esse segundo que nada significa diante a magnitude do tempo, do mundo, do universo e viver eternamente nele.

Mas aí vem um meteoro e destrói com tudo. Ela vai sorrir sim, mas é para outro cara. Os instintos estavam certos, infelizmente. A luz que ela irradia vai iluminar a vida de outra pessoa, não a sua. Talvez não dure tanto, talvez dure décadas, talvez ela case e seja feliz para sempre, a questão não é essa. Nunca foi. Tudo isso era inevitável, afinal você não nasceu para ser feliz, nasceu para se ferrar constantemente, não se esqueça disso. São seguidas decepções, uma atrás da outra. A questão é doutrinar o coração para não sentir mais isso, que bate toda hora na cabeça, mas de que maneira fazer isso? “Ok, não gosto mais de você, vou procurar outra pessoa” é fácil assim? Claro que não. Se existisse um manual para isso, o inventor faria o Bill Gates parecer um mendigo de esquina.

O conflito de se entregar de uma vez ou de lutar mais ainda. Aceitar a derrota, por mais que doa em você e nela, cortar relações de um modo dramático. Além de perder o amor, perder uma das melhores amizades que você teve é uma opção. Nunca foi a questão de ‘ficar’, da beleza e afins, mas sim a sintonia entre as almas. O carinho e o respeito mútuo, os gostos que combinam, já saber o que ela irá falar só pelo jeito que levanta a sobrancelha, saber como ela gosta do seu café, o tipo de filmes que ela curte, o tipo de som que escuta. Esses pequenos detalhes que fazem disso algo inacreditável, algo que parece definitivo. Creio eu que estes pequenos atos é que dão graça e cores a vida.

Já a outra opção é não desistir, botar a faca nos dentes e ir para a peleia mais uma vez. Mais uma vez... Aí que mora o problema. Isso cansa, desgasta demais. O Rocky já dizia que ninguém bate mais forte que a vida, ser um vencedor não é bater e sim levantar depois de cada queda. Mas não é preciso continuar nessa luta, você pode parar e jogar a toalha. Só que nem isso é fácil também (lembre-se novamente que seu destino é se ferrar) nada será de bandeja, nem as tristezas e os sofrimentos. E não serão poucos.

Não foi a primeira vez e tomara que não seja a última, até porque se for você está mais fodido do que imagina. Passou um tempo sim, mas o que são alguns anos diante da longa caminhada da vida. Se existe algo de bom nisso tudo é que uma fossinha de vez em quando até que ajuda. Torna o coração mais duro, menos sensível, não deixa de ser um necessário ritual de exorcismo. Deixa os pedaços que sobraram dele mais canchados para situações semelhantes. As decepções podem ser menores, amenizadas, mesmo sendo tudo nesse assunto uma incógnita. Mas como fã incondicional de Arquivo-X, eu sempre acreditei e quero continuar acreditando que dá sim para se recuperar depois de cada patrolada.

Agora que é uma sacanagem essa coincidência de momentos, isto é. Tudo na vida vem melhorando, tudo vem dando resultados, um ótimo momento acadêmico, tudo relativamente ok com a família e os amigos, mudança para uma casa melhor em um lugar melhor. Tudo dando certo, somente a bosta dessa droga desse amor ferra tudo. E infelizmente é ele que dá o tom em tudo, é ele que põe um sorriso ou uma expressão triste no rosto. Até parece que o cara está pagando pelos pecados de uma vida passada. To longe de ser um santo, mas acredito que nunca tenha feito mal para alguém. Vai ver é pura e simplesmente a arte de se foder mesmo quando as coisas melhoram.

Confesso que não sei nem mais o que sinto. O sentimento é uma mistura de nada com tudo, não é amor, raiva, tristeza, alegria. Na verdade é um sentimento de vácuo. Sabe aqueles momentos que você se flagra olhando para uma parede ou algum objeto, com os olhos embaçados e a cabeça muito longe? É parecido com isso. É algo confortável, dá um descanso para a cabeça. Eu poderia ficar eternamente nesse momento também. Nele pelo menos não haveria sonhos, sofrimentos, sorrisos, brilhos que nunca se apagam, desencontros numa terra estrangeira e todos os filmes que tratam disso.

E também nem sei mais o que estou escrevendo, ora é um desabafo, ora uma autocrítica e ora um exercício de auto-flagelação ou coisa do gênero. Por isso peço desculpa aos leitores do blog. Eu sei que está escrito Caminhante Noturno “Cinema”, mas aqui não deixa de ser um espaço para desabafar, para abrir o coração. Talvez vocês me entendam mais do que qualquer um, talvez vocês queiram me encher de porrada e berrar no ouvido “bola pra frente, tchê!” e agradeço em ambos os casos. Se tem algo que eu definitivamente amo nesse mundo é o cinema, mesmo que às vezes eu não o trate com o devido merecimento e paixão. Algo que nunca mais irei abandonar é esse cantinho aqui e todos os vínculos, amizades e oportunidades criados por consequência dele.

Mas é isso. Com “ela” nunca mais. Acabou, chega de sofrimento. Confesso que ainda não sei se irei continuar vendo ela pelo bem de ambos ou se cortarei total pelo bem da minha mente e do meu coração, não sei mesmo. Só sei que já foi gasto muito tempo em portas fechadas. Eu ainda vou achar a mulher que vai me fazer esquecer tudo isso. E é bem provável que ela esteja mais próxima do que eu imagino.

No fim das contas tudo se ajeita. Tudo dará certo. É, agora tenho certeza absoluta disso. Se por gentileza vocês me permitirem, para finalizar deixarei algumas palavras da minha companheira inseparável de fossa, a linda Rachael Yamagata:

“Would you please
Let me slide a few words
Under your door[...]

The first three said “I love you”
The last five “But I can’t no more”
I don’t believe in miracles
Not like I did before

[...] Would you please
Try to understand…”


Um forte abraço a todos.

14 comentários:

Pedro Henrique Gomes disse...

Bah, a coisa é forte! Mas tu é copeiro véio!!!

Abração!!!

Guilherme Pilotti disse...

EU SEI como é, pode acreditar nisso.

Caio disse...

Da outra vez te sugeri um puteiro... Mas sofri desse mal nessas férias também, e não tô querendo um puteiro dessa vez não. hehe...

Kamila disse...

Marcus, meu querido, tudo se ajeita! Estou aqui, se precisar.

Beijo!

Vinícius P. disse...

Puxa, que triste! Mas tenho certeza que outra pessoa vai surgir em sua vida, mais rápido do que imagina! Terminou bem o post...

Cecilia Barroso disse...

:'(((

No final tudo dá certo...

Wanderley Teixeira disse...

Faço minhas as palavras da Cecília. Com certeza, no final tudo dá certo.

Abração.

Wally disse...

Ai... que deprimente. :(

Luciano Evangelista disse...

Damn!

Emilly disse...

poxa marcus, adorei isso. me identifiquei em cada parágrafo. no final doeu um pouquinho mais ter perdido o blog (lado e.), mas fico feliz de você continuar com o caminhante noturno e ter decidido pelo "nunca mais", embora particularmente pense que as coisas mudam e o "nunca mais" vira "até um dia".

Marcus Vinícius Freitas disse...

O pior é que é verdade isso, Emilly.

Tinha demorado pra postar aqui, quero agradecer todo mundo pelo apoio, de coração mesmo.

Um abração!

Denis Torres disse...

Belo relato, cara. Parabéns pela coragem de expor seus sentimentos de maneira tão vívida. Só por esse passo você já merece um bom crédito. Sou péssimo em conselhos e nem sei se eles servem para alguma coisa, mas continue acreditando no amor. Só não se deixe levar de maneira tão intensa. Ou deixe. O que importa é continuar vivo e chutando. Abs!!!

Unknown disse...

Damn! [2]



Vamo tomar uns tragos então tchê! Quando tu perder pra mim 10 vezes consecutivas na sinuca, aí sim vai saber o que é sofrimento! Hahaha

Aurea Cristina Barros disse...

LINDOOOO...TB ESTOU ASSIM COMO VOCE...