Por Marcus FreitasPara voltar as atividades blogueiras com grande estilo, já vou largando o top 10 de 2006. Sei que estou bem atrasado, mas antes tarde do que nunca. Chega de férias, vamos ao que interessa. Fique a vontade para mandar sua lista também.
VOLVER – O melhor filme de 2006. Almodóvar volta com tudo e fazendo o que melhor sabe: contar uma história. Raimunda, interpretada maravilhosamente por Penélope Cruz, tenta salvar sua filha, que acidentalmente matou o seu padrasto, este que por sua vez tentou abusar da menina. Mesmo tratando de um tema forte e polêmico como incesto, Almodóvar mescla muito bem comédia e drama, além de demonstrar um grande controle sobre sua trama, não deixando pontos sem nó. Também tem uma estética visual muito legal, típica de seus filmes. Pra quem é fã dele, é item obrigatório na videoteca.
APOCALYPTO – Após o polêmico A Paixão de Cristo, Mel Gibson volta para a cadeira de diretor. Tão sangrento quanto seu filme anterior,
Apocalypto trata dos sacrifícios humanos no império Maia. Uma tribo é capturada por outra e agora homens e mulheres servirão de escravos e ‘oferendas’ para os deuses. Um deles consegue escapar e tenta voltar para o lugar onde deixou escondida sua mulher. Feito com atores locais e no dialeto maia, surpreende pela belíssima fotografia (isso é bem demonstrado na seqüência do eclipse) e pelo perfeccionismo de Gibson em recriar a época.
OS INFILTRADOS (The Departed) – Mesmo que tenha ficado inferior ao original Infernal Affairs, vale por Scorsese ter voltado ao seu lugar predileto: o submundo das drogas e crimes. Na abertura já se sente o clima do filme: ao som de
Gimme Shelter dos Stones, Jack Nicholson encarna um mafioso andando calmamente por um bairro de subúrbio, e logo após ele aparece executando um casal. Trilha sonora estupidamente espetacular, todo elenco atuando muito bem (Nicholson é o destaque, pra variar, mas Di Caprio e Damon mostraram bastante serviço) e tio Marty brincando de fazer cinema atrás das câmeras. Só faltou o Joe Pesci matando um monte de gente.
PONTO FINAL - MATCH POINT (Match Point) – É difícil dizer que este filme é do Woody Allen, sendo que até o usual jazz foi trocado por óperas. Chris é um ex-jogador de tênis que se apaixona pela namorada de seu amigo, que também será seu cunhado em breve. Allen voltando à boa forma, apesar de não ter as típicas características de seus filmes. Uma trama bem bolada, trilha sonora impecável e um final surpreendente.
GOSTO DE VINGANÇA (A Bittersweet Life) – Li numa crítica escrita por Bernardo Krivochein uma frase que define perfeitamente este filme: “Um exemplar impecável de cinema: brutal, sangrento, puro e honesto”. Kim Ji-woon, diretor do fenomenal
A Tale of Two Sisters, mistura um clima noir com ação, num estilo Scarface, de Brian De Palma. Mais uma prova do crescimento cinematográfico que ocorre nos países asiáticos.
DÁLIA NEGRA (The Black Dahlia) – Uma aula de cinema de Brian De Palma. Filme incompreendido pela maioria da crítica. Los Angeles, 1940, típico clima de filme noir. Dois policiais se tentam descobrir quem assassinou uma jovem atriz, porém o caso começa a se tornar uma obsessão a ambos. Alguns dizem que o livro de James Ellroy é melhor... pode até ser, mas a técnica do Brian salta na tela. Tudo é realizado com maestria, a posição da câmera, iluminação, fotografia. Além do mais, só de ter visto um filme de um dos meus diretores favoritos depois de 4 anos parado já valeu a pena.
CAPOTE – Filme conta como o célebre escritor foi pesquisar um assassinato de uma família inteira numa cidade do interior de Kansas, o que mais tarde viria a ser a história de seu mais famoso livro. É incrível ver como Philip Seymour Hoffman incorporou o personagem, perfeito em todos os trejeitos e maneirismos, segundo pessoas que conviveram com o próprio, tanto que levou o Oscar de Melhor Ator. Deve ser melhor de compreender o escritor se você já tiver lido o livro, mas ainda assim é um belo Filme.
V DE VINGANÇA (V from Vendetta) – Quem é o verdadeiro terrorista? Aquele que explode monumentos ou aquele que controla toda população através do medo, da opressão e tirania? Numa futura Inglaterra, onde o ditador Sandler manda e desmanda conforme seus interesses, aparece V, um destemido terrorista com uma misteriosa história com a força e coragem suficiente para enfrentar o governo. Baseado no hq de Alan Moore e com roteiro dos irmãos Wachowski, responsáveis por Matrix, foi um dos destaques desse ano e ainda conta com a beleza incomparável de Natalie Portman.
MUNIQUE (Munich) – Grande parte da crítica especializada desce a lenha no Spielberg por ser muito comercial e aquela coisa toda, mas todos (pelo menos isso) reconhecem que o cara é um monstro de um diretor. O filme fala da resposta israelense ao atentado palestino nas Olimpíadas de 1972. Muito tenso. Conta com a primazia cinematográfica do Splieberg, o que garante a qualidade da obra.
CLUBE DA LUA (Luna de Avellaneda) – O novo cinema argentino tem produzido excelentes filmes, principalmente quando a dupla Juan José Campanella e Ricardo Darín está presente. A história trata de um clube do bairro de Avellaneda, que na década de 50 viveu seus tempos áureos, mas como toda Argentina, vive uma crise sem fim em meados de 2003. Uma história muito bem bolada que reúne vários gêneros e uma direção impecável. Faz jus ao atual status argentino de melhor cinema latino-americano.
Abaixo filmes que não consegui assistir, ora por falta de tempo e ora por não terem entrado em cartaz no cinema daqui (cidade do interior, sabem como é), e que poderiam figurar na lista acima:BabelFonte da Vida (The Fountain)A Conquista da Honra (Flag of Our Fathers)Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine)O Labirinto de Fauno (El Labirinto del Fauno)Voô United 93 (United 93)