quinta-feira, 23 de março de 2006

Melhores Filmes de 2005

A lista a seguir conta apenas filmes que entraram no circuito nacional em 2005, independente do ano de lançamento em seus países.


Menina de Ouro – Premiado como melhor filme no Oscar 2005, é um projeto que já nasceu clássico. Conta à história de Maggie, uma garota sofrida e pobre que tem como sonho consagrar-se campeã mundial de boxe. Ela convence Frankie Dunn, um treinador meio antiquado (leia-sê machista) e seu amigo e sócio Eddie, á treina-la. Magistral direção de Clint Eastwood, a cada ponta de esperança e felicidade que ele proporciona vem seguida de uma desgraça maior, seco como um soco no estômago. Hilary Swank numa atuação inspiradíssima, assim como Morgan Freeman.

Batman Begins – Estritamente baseado nos HQ do Homem-morcego, diferente dos outros filmes, Christopher Nolan pegou um personagem esquecido e lhe colocou nos holofotes de novo. A história de Bruce Wayne é contada desde sua infância, passando por seu maior medo e do assassinato de seus pais até o seu treinamento na Liga das Sombras. O clima da série melhorou, ficando até mais adulto e verossímil dentro do possível, afinal é a história de um super-herói. O elenco é monstruoso também, contando com nomes como Liam Nesson, Morgan Freeman, Gary Oldman e Michael Caine. Agora é esperar que a seqüência siga com o mesmo nível.

Old Boy – Oh Dae-su é seqüestrado numa noite chuvosa. Sem saber o motivo pelo qual foi raptado, ele assiste pela televisão de seu cativeiro a morte de sua mulher e o desaparecimento de sua filha. Após quinze anos de cárcere ele ganha a liberdade, porém é avisado que tem apenas cinco dias para descobrir os reais motivos da sua prisão, além de saber o que houve com sua família. O cinema asiático, no geral, é o que mais cresce e evolui, tanto tecnologicamente quanto artisticamente. Esse filme, cuja direção é de Park Chan-Wook, é apenas uma amostra desse processo, que mescla um roteiro surpreendente com ação e suspense. E o final então, de deixar qualquer um pelo menos um pouco pensativo.

No Direction Home - Bob Dylan – Documentário que conta à vida do músico, desde seus primeiros acordes no violão, passando por sua transição do folk para o rock, até sua consagração mundial. Dirigido por Martin Scorsese, é além de tudo uma viagem até a cena cultural de Nova York dos anos 60. Entre as entrevistas destaca-se a de Joan Baez, que foi companheira de Dylan na época, e de Allen Ginsberg, poeta beat. É basicamente o complemento visual do livro Crônicas Vol. 1. Essencial para os fãs do velhinho e interessantíssimo mesmo para quem não conhece ou não gosta dele, se isso for possível.

Edukators – Dois jovens amigos neo-revolucionários, Jan e Peter, fazem seus protestos de forma pacífica, que consistem em invadir casas de milionários e desarruma-las o máximo possível, mas sem roubar ou quebrar algo. Um dia Jule, que é namorada de Peter, descobre o que eles fazem e insiste em participar. Numa noite como outra qualquer eles invadem uma casa, mas durante o ato o morador volta, pegando-os no flagra. Para escapar da prisão eles resolvem seqüestrar o morador até decidirem o que fazer. Belíssimo filme que trata bastante de amizade e ideologias. O filme passa uma idéia bonita, possui discussões ideológicas contundentes. O desfecho é muito bom, com uma pequena surpresa no final dos créditos.

Sin City - A cidade do Pecado­ – Baseado na graphic novel de Frank Miller, o filme conseguiu transmitir o universo corrupto, sujo, monocromático e traiçoeiro de Sin City. Sua produção foi quase toda em computação gráfica, o que possibilitou um espantoso nível de fidelidade com o HQ, incluindo o sangue branco em certas cenas. São três histórias paralelas: do policial honesto que luta contra os mais poderosos para proteger uma menina; de um homem que busca vingança pela morte de seu amor e da guerra entre a polícia e as prostitutas assassinas de ‘Old Town’. Tem como ponto forte sua fotografia, inovadora. O elenco é muito bom contendo, entre outros, Bruce Willis e Mickey Rourke e Benicio Del Toro.

A Queda - As últimas horas de Hitler – Filme alemão que retrata o que teriam sido os últimos momentos do ditador antes de seu suicídio pela visão de sua secretária Traudl Junge. Interessante mostrar o final da segunda guerra pelo lado dos alemães. Outra coisa é que o filme mostra bem a fidelidade que o alto escalão tinha com o nazismo, como na cena onde a esposa de Goebbels matando os filhos. A atuação de Bruno Ganz como Hitler também merece destaque.

Sideways - Entre umas e outras – Miles (degustador profissional de vinhos) e Jack (ator) são grandes amigos, mas antes do casamento de Jack ambos resolvem viajar pelos Estados Unidos provando todos os tipos de vinhos e emoções, uma espécie diferente de uma despedida de solteiro. Primeiro é necessário ressaltar a aula de interpretação de Paul Giamatti, que já havia mostrado seu talento em O anti-herói americano e em outras obras, mas em Sideways ele foi o destaque. Ótimo roteiro, baseado na obra de Rex Pickett, a propósito levou o prêmio de roteiro adaptado no último Oscar.Vale a pena uma garrafa desse filme, ou melhor, uma caixa dele.

Closer - Perto demais – No filme de Mike Nichols amor é apenas uma palavra de quatro letras. É um quadrilátero amoroso entre os personagens de Jude Law, Natalie Portman, Julia Roberts e Clive Owen, onde todos os sentimentos são expostos sem papas na língua. Importante retratar que é um filme que só fala de sexo, quase em que todos os diálogos (um exemplo: a cena do sexo virtual), porém sem mostrar uma cena de nudez sequer. Pode parecer meio forçado as vezes, mas é a cruel realidade, sem nenhuma hipocrisia. A melancólica “The blower’s daughter”, de Damien Rice, fecha (e abre) o clima do filme.

Casshern - Reencarnado do Inferno – O melhor filme de 2005. Num futuro não tão distante, a Ásia entra em guerra contra a União Européia para decidir quem fica com o continente da Eurásia. Um cientista tenta achar a cura para sua esposa pesquisando as chamadas “neo-células” (analogia as células tronco). Enquanto isso seu filho escolhe partir para guerra, e acaba morrendo em combate. Porém acontece algo misterioso e milagroso ao mesmo tempo: um raio metálico (algo como o monólito em 2001) atinge o laboratório com as pesquisas das neo-células, dando vida aos experimentos. Ele então tenta trazer seu filho de volta a vida, mergulhando seu corpo no lugar atingido pelo raio. Em primeiro lugar, o filme é um deslumbre visual, cores belíssimas, fotografia fantástica, um fato notável do cinema digital. É um filme que fala sobre amizade, família, ética, além de possuir uma forte mensagem antibélica. Interessante que o telespectador fica livre para formular sua teoria sobre o raio, frustrando os mais passivos e preguiçosos. É baseado no anime japonês homônimo. Fantástico, emocionante, sensível, dinâmico. Graças a deus que ainda existem filmes como este.