Tudo bem, ele está muito longe de ser um Robert De Niro ou um Al Pacino, mas eu não entendo porque implicam tanto com Arnold Schwarzenegger. Dentro do gênero ação ele é uma lenda. O governador da Califórnia tem em seu currículo pelo menos dois clássicos indiscutíveis,
Predador e
O Exterminador do Futuro II, mais uma penca de filmes legais e divertidos. Tem lá suas bombas também, mas
Comando para Matar não é um delas. Apesar de algumas falhas e clichês, “Comando” é honesto e fiel ao seu propósito.
Arnoldão é John Matrix, um veterano do exército, agora aposentado e que vive com sua pequena filha, Jenny. Acontece que, nos seus dias de serviço, ele deixou alguns desafetos para trás. Homens de sua equipe são assassinados e os militares acreditam que Matrix será o próximo, e de fato seria. Seqüestram sua filha para que ele coopere no assassinato de um presidente. Acontece que ele não lida com sequestradores, marginais e bandidos. O único tratamento que eles receberão de John é chumbo.
Tiros, frases de impacto e músculos resumem bem a década de 80 no cinema. Década do Rambo, do John McClane, do Snake Plissken, do Martin Riggs e Roger Murtaugh, das incontáveis perseguições de carros, explosões e tiroteios. Muitos torcem o nariz por questão de gosto mesmo, já outros afirmam ser apenas violência gratuita, descerebrada, que não soma nada na formação cinematográfica de alguém. Como se o cinema fosse apenas interpretações intelectuais, críticas rebuscadas, análises profundas da sociedade e da mentalidade humana... por favor, tenham dó. Tudo tem seu momento. As questões citadas tem os seus assim como a ação propriamente dita.
Claro que tem gente com a manha de fazer grandes filmes e propor discussões, como Coppola em
Apocalypse Now, Oliver Stone em
Platoon, John Carpenter e outros, mas não precisa ser somente isso. Pode ser algo mais superficial mesmo, só para diversão. Por exemplo, certas vezes eu não quero saber se os vilões são índios, latinos, negros, judeus, alemães, alienígenas, se fala sobre o nazismo ou ditaduras políticas na América do Sul, só quero ver ação na tela.
Pura e simplesmente ação, os corpos caindo no chão, os depósitos explodindo, as eletrizantes perseguições, o pau comendo solto. Difícil alguém que manje mais disso do que Schwarzenegger. “Comando” é um exemplo disso, ele é um cara bruto e rude que não deixará nada barato. Ele arranca, destrói, amassa com seus braços qualquer coisa que seja obstáculo. A linha do roteiro é simples para que a pancadaria tome conta. Algumas falhas técnicas são berrantes, mas nada que atrapalhe o andamento geral. Os mais perfeccionistas irão notar caras voando sem tomar tiros e sem sangrar, mas isso são coisas da época também.
Comando para Matar é isso, Arnoldão fazendo o que melhor sabe: dando tiro para todos os lados e passando por cima de tudo e todos. O propósito do filme é ação e a isto é totalmente fiel, sem frescura e vai direto ao ponto. Logo após ele emplacaria
Predador e faria história nos filmes de macho. Um filme que não quer levantar mil indagações, simples mas que é honesto consigo mesmo e faz lembrar como era boa a década de 80.
*Postado originalmente no Cinefilia
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