Imagens do jogo Metal Gear Solid 4 - Guns of the Patriots, para PS3
O produtor Mike De Luca, cujo currículo inclui filmes como Boogie Nights, Blade, Magnólia, Uma História Americana, Austin Powers 2 e outras cinquenta produções de renome, irá cuidar de um grande desafio. Durante o lançamento de seu mais novo filme, Quebrando a banca (21, 2008), ele falou sobre um dos mais aguardados projetos baseados em videogames em andamento: a adaptação para as telas da consagrada e revolucionária saga Metal Gear Solid. Confira abaixo sua entrevista dada para o Collider e publicada pelo Omelete.
O que você está planejando para fazer, finalmente, um filme baseado em games que seja arrebatador?
Mike De Luca: Para mim, adaptar um videogame não é diferente de adaptar um livro ou peça ou qualquer outra mídia. Você deve tentar buscar ali o que você precisa para realizar um filme. Com livros, você tenta compensar de alguma maneira o fato de que você, no filme, não estará dentro da cabeça do protagonista. Com os games você precisa compensar a perda da interatividade. O que torna os games divertidos é ser o personagem, sentar-se em frente à tela e comandar um universo - é uma experiência em primeira pessoa. Quando você está no cinema não tem opção a não ser acompanhar a história que o roteirista e o diretor montaram. Não há qualquer interatividade, então o game tem larga vantagem, pois você simplesmente não terá a adrenalina que vem com o controle. Cabe a nós equilibrarmos isso dando a dose de adrenalina que você estará perdendo.
Com isso eu percebo que há um patamar altíssimo a ser superado pelo cinema baseado em games. Isso é algo que os filmes que foram feitos até hoje não levaram em conta. Os produtores sempre pensaram que os games já têm um público estabelecido, que irá ver o filme de uma forma ou de outra. Tremendo engano. Com o primeiro filme de Mortal Kombat tentamos honrar o tipo de ação e personagens no qual o game foi inspirado - algo na linha de Operação Dragão - e não jogar na cara do público uma história qualquer com aqueles personagens. Aqui, em Metal Gear, vamos explorar aquele história meio "Caim e Abel" entre Solid Snake e Liquid Snake e a relação dos dois com seu pai, além de levar em conta a história que está sendo desenvolvida para Metal Gear Solid 4... mas isso é algo possível apenas porque MGS é uma das séries de games que mais têm conteúdo.
Será um desafio, afinal, esse universo é riquíssimo e Hideo Kojima é tipo um George Lucas, um criador de mundos. É uma história que pode ser bastante incisiva em termos de futurologia, mas ao mesmo tempo meio satírica, na linha de um Robocop. Estamos buscando um roteiro que honre a história dos quatro jogos e que tenha uma estética cinematográfica como a que [Paul] Verhoeven mostrou em Robocop. Ou mesmo algo na linha que os Wachowskis apresentaram em The Matrix. Não podemos mexer no "DNA" do jogo e temos que entregar um filme que seja uma adaptação e que ao mesmo tempo tenha sua identidade própria - algo que, mesmo que você nunca tenha jogado o game, te dê a mesma sensação que você teve ao sair do cinema depois de Matrix ou Robocop. Esse é o objetivo, pelo menos.
Essa série é um verdadeiro ícone para o Playstation e como os direitos de adaptação estão com a Sony - que é dona do console - a empresa não deve estar poupando esforços para fazer o filme direito...
Mike De Luca: Não estão. Esse filme pode vender muitos Playstations. Há muita coisa em jogo.
Vocês já pensaram se esse será um filmão de 100 milhões, um filme de verão, ou algo mais modesto?
Mike De Luca: Não. Mas todo mundo sabe que é um filme grande. Não queremos que seja gigantesco, desses filmes caríssimos e enlouquecedores, mas será grande sim.
Há boatos na Internet de que ele pode ser adaptado por Kurt Wimmer.
Mike De Luca: Ele é uma das pessoas nas quais estamos pensando para escrever o filme. Queremos que ele apresente suas idéias para a adaptação, mas ele não foi contratado, nem nada. É o processo natural das coisas... você pega a obra original, a entrega a um grupo de escritores e vê quais são as idéias deles. A idéia que for mais empolgante tem grandes chances... é quase uma seleção de elenco, com o roteirista no lugar do ator. Nesse caso, Kojima a Sony e nós, produtores, vamos ouvir as idéias e teremos muitas discussões até batermos o martelo em uma delas.
Comentários: Talvez haja uma luz no fim do túnel, a esperança é que saia, pelo menos, um filme decente e que respeite a grandiosidade da obra original. Será que o Kurt Russel, que serviu de inspiração para o personagem principal (Snake Plissken, de Fuga de NY, de John Carpenter) não poderia ser usado no projeto de alguma fora? E Mike, a série tem na cronologia oficial 6 jogos, sem contar o MGS4. Talvez fosse melhor adaptar os jogos que saíram para o quase desconhecido MSX, seria mais simples e focaria na relação Solid Snake - Big Boss.
Agora, Kurt Wimmer... não né, pelo amor de deus.
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O que você está planejando para fazer, finalmente, um filme baseado em games que seja arrebatador?
Mike De Luca: Para mim, adaptar um videogame não é diferente de adaptar um livro ou peça ou qualquer outra mídia. Você deve tentar buscar ali o que você precisa para realizar um filme. Com livros, você tenta compensar de alguma maneira o fato de que você, no filme, não estará dentro da cabeça do protagonista. Com os games você precisa compensar a perda da interatividade. O que torna os games divertidos é ser o personagem, sentar-se em frente à tela e comandar um universo - é uma experiência em primeira pessoa. Quando você está no cinema não tem opção a não ser acompanhar a história que o roteirista e o diretor montaram. Não há qualquer interatividade, então o game tem larga vantagem, pois você simplesmente não terá a adrenalina que vem com o controle. Cabe a nós equilibrarmos isso dando a dose de adrenalina que você estará perdendo.
Com isso eu percebo que há um patamar altíssimo a ser superado pelo cinema baseado em games. Isso é algo que os filmes que foram feitos até hoje não levaram em conta. Os produtores sempre pensaram que os games já têm um público estabelecido, que irá ver o filme de uma forma ou de outra. Tremendo engano. Com o primeiro filme de Mortal Kombat tentamos honrar o tipo de ação e personagens no qual o game foi inspirado - algo na linha de Operação Dragão - e não jogar na cara do público uma história qualquer com aqueles personagens. Aqui, em Metal Gear, vamos explorar aquele história meio "Caim e Abel" entre Solid Snake e Liquid Snake e a relação dos dois com seu pai, além de levar em conta a história que está sendo desenvolvida para Metal Gear Solid 4... mas isso é algo possível apenas porque MGS é uma das séries de games que mais têm conteúdo.
Será um desafio, afinal, esse universo é riquíssimo e Hideo Kojima é tipo um George Lucas, um criador de mundos. É uma história que pode ser bastante incisiva em termos de futurologia, mas ao mesmo tempo meio satírica, na linha de um Robocop. Estamos buscando um roteiro que honre a história dos quatro jogos e que tenha uma estética cinematográfica como a que [Paul] Verhoeven mostrou em Robocop. Ou mesmo algo na linha que os Wachowskis apresentaram em The Matrix. Não podemos mexer no "DNA" do jogo e temos que entregar um filme que seja uma adaptação e que ao mesmo tempo tenha sua identidade própria - algo que, mesmo que você nunca tenha jogado o game, te dê a mesma sensação que você teve ao sair do cinema depois de Matrix ou Robocop. Esse é o objetivo, pelo menos.
Essa série é um verdadeiro ícone para o Playstation e como os direitos de adaptação estão com a Sony - que é dona do console - a empresa não deve estar poupando esforços para fazer o filme direito...
Mike De Luca: Não estão. Esse filme pode vender muitos Playstations. Há muita coisa em jogo.
Vocês já pensaram se esse será um filmão de 100 milhões, um filme de verão, ou algo mais modesto?
Mike De Luca: Não. Mas todo mundo sabe que é um filme grande. Não queremos que seja gigantesco, desses filmes caríssimos e enlouquecedores, mas será grande sim.
Há boatos na Internet de que ele pode ser adaptado por Kurt Wimmer.
Mike De Luca: Ele é uma das pessoas nas quais estamos pensando para escrever o filme. Queremos que ele apresente suas idéias para a adaptação, mas ele não foi contratado, nem nada. É o processo natural das coisas... você pega a obra original, a entrega a um grupo de escritores e vê quais são as idéias deles. A idéia que for mais empolgante tem grandes chances... é quase uma seleção de elenco, com o roteirista no lugar do ator. Nesse caso, Kojima a Sony e nós, produtores, vamos ouvir as idéias e teremos muitas discussões até batermos o martelo em uma delas.
Comentários: Talvez haja uma luz no fim do túnel, a esperança é que saia, pelo menos, um filme decente e que respeite a grandiosidade da obra original. Será que o Kurt Russel, que serviu de inspiração para o personagem principal (Snake Plissken, de Fuga de NY, de John Carpenter) não poderia ser usado no projeto de alguma fora? E Mike, a série tem na cronologia oficial 6 jogos, sem contar o MGS4. Talvez fosse melhor adaptar os jogos que saíram para o quase desconhecido MSX, seria mais simples e focaria na relação Solid Snake - Big Boss.
Agora, Kurt Wimmer... não né, pelo amor de deus.
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